Qual é a origem da Libras? Quando e como surgiu?
Com o objetivo de ser uma importante ferramenta de inclusão social a Língua Brasileira de Sinais, mais conhecida como libras, é uma língua gestual visual que usa de gestos, expressões faciais e corporais para estabelecer uma comunicação entre as pessoas.
Oficializada como uma língua oficial no Brasil no ano de 2002 a libras vem de uma luta por reconhecimento de décadas e séculos anteriores, que anda de mãos dadas com as exclusão e busca por inclusão social da própria população surda.
Mesmo hoje, já sendo uma língua oficial do Brasil, e com medidas que buscam tornar a libras parte de ambientes educacionais, profissionais e até mesmo de entretenimento, essa ainda é uma ferramenta desconhecida por muitos.
Sua importância, complexidade e história são ignoradas pela maior parte da população, especialmente aqueles que nunca tiveram contato com uma pessoa surda.
Em busca de mudar um pouco essa realidade vamos tentar contar aqui alguns dos principais fatos que marcam o surgimento da libras e porquê disso.
De onde vem e como chegou no Brasil
A língua de sinais é, antes de mais nada, mais do que apenas um conjunto de gestos. Assim como qualquer idioma oral ele possui uma gramática própria, além de níveis linguísticos como fonologia, morfologia, sintaxe e semântica.
Duas pessoas que conversem através da libras podem tranquilamente falar desde filosofia e política até moda e séries populares.
Além disso, não existe uma língua de sinais universal, mas sim uma própria a cada país, assim como o idioma majoritariamente falado no lugar.
E países tão extensos como o Brasil também não deixam de ter suas regionalidades, que da mesma forma que trazem sotaques e expressões próprias a cada região no idioma oral também o fazem no uso da libras.
O surgimento da língua de sinais pode variar de acordo com o país e região, mas no caso do Brasil ele está também ligado ao surgimento da língua na França.
Em 1760 surgiu em Paris a primeira escola pública para surdos, fundada pelo abade L’Epée, que na época já possuía seus sessenta anos.
Foi através dessa escola que começaram a se multiplicar profissionais que não apenas pesquisavam e aprendiam, mas também tinham o objetivo de ensinar a surdos e novos professores.
Nessas escolas começaram a se explorar novos meios de se educar a população surda.
Com o crescimento da atenção dada a essa língua, e o esforço criado pelos franceses e europeus em geral em melhorarem essas técnicas, foi justamente na França que D. Pedro II buscou um professor para ensinar sobre língua de sinais no Brasil.
Isso aconteceu no Segundo Império, segundo estudiosos porque o imperador possuía um neto que havia nascido surdo, e por isso queria uma maneira de o educar.
Alguns historiadores defendem a ideia de ser um parente próximo, mas não um neto, mas de todas as formas é fato de que D. Pedro II tinha o desejo de trazer alguém para educar pessoas surdas no país.
Foi então que o imperador trouxe ao país Ernest Huet, um professor formado no Instituto Nacional de Surdos de Paris, que havia ficado surdo aos doze anos de idade.
Ao chegar ao país Ernest desenvolveu um projeto para criar uma escola que se baseasse no método de comunicação total, que visa melhorar e desenvolver o aprendizado das pessoas surdas em todas as áreas da sua vida, não apenas educacional.
O projeto foi proposto em 1855, mas foi apenas em 1857 que foi fundada o Imperial Instituto dos Surdos Mudos.
Ernest escolheu abrir uma escola porque notou que havia um população surda muito maior no Brasil do que ele esperava.
As dificuldades da Libras e as mudanças de termos com os anos
Na escola projetada pelo professor Huet começou a se ensinar uma língua de sinais que misturava aquela que existia na França e gestos que já eram usados no Brasil por sua população surda.
Foi através dessa mistura e da busca por aperfeiçoamento que começou a surgir a Língua Brasileira de Sinais, antes chamada apenas de Língua Nacional de Sinais.
Em meio a evolução da língua como a conhecemos hoje ela também enfrentou diversos percalços e dúvidas.
Isso porque existia uma parcela de educadores e estudiosos que acreditavam que pessoas surdas deveriam ser ensinadas apenas pelo método oral.
Foi em 1880 que foi decidida no Congresso Mundial de Professores Surdos, que aconteceu em Milão na Itália, que a prioridade seria usar dos métodos orais para ensinar, ignorando e proibindo completamente o uso da Língua de Sinais.
A decisão durou até 1896 quando, a pedido do Governo brasileiro, feito pelo professor A.J. de Moura e Silva no Instituto Francês de Surdos, houve uma reavaliação da decisão e reconheceram que o método oral não era eficiente a todos na população surda.
Com o passar das décadas houve também a mudança nos termos usados na educação dada a essas pessoas, inclusive no nome da primeira escola fundada no Brasil.
De Imperial Instituto dos Surdos-Mudos ela passou por diversas transformações, até chegar em INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos), que existe até hoje.
Isso acontece porque antes se acreditava que todas as pessoas surdas não possuíam a habilidade de falar, algo que se provou falso com o passar do tempo.
Existem hoje o que profissionais chamam de surdos oralizados, que são aqueles que conseguem se comunicar também através da fala.
Libras: Os dias de hoje e a luta que continua
Apesar de hoje já ser reconhecida como uma língua oficial ainda são muitos aqueles que desconhecem ou dão pouca importância a Língua Brasileira de Sinais.
Sua complexidade, tal qual qualquer idioma falado, e sua importância social e histórica sempre foram colocados em dúvida com o tempo, e ainda hoje recebe muito pouco da atenção que deveria.
Apesar disso, algumas vitórias podem ser vistas com o tempo. Como por exemplo, em 2004 foi transformada em lei que é obrigatório o uso de intérpretes em propagandas oficiais do governo.
Em 2010 se regulamentou a profissão de Tradutor e Intérprete de Libras; Já em 2016 a Anatel comunicou que se tornou obrigatório através de lei o atendimento a pessoas surdas por parte das empresas de telecomunicações.
Todas são vitórias importantes, mas que ainda são apenas algumas das páginas da história tanto da população surda quanto da língua de sinais.
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